quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Tá tudo bem, vem cá. (Texto muito bom)

Esses dias, enquanto dirigia, eu ouvia uma música bem bobinha da Pitty, que eu adoro. Logo em seguida, o flow colocou Queen, que eu adoro. Mais duas músicas depois, Caetano. Depois, Novos Baianos, depois Led Zeppelin, Rolling Stones – para, enfim, eu trocar para rádio e estar tocando roupa nova. E eu cantei interpretando. Ri de mim mesma, na adolescência, eu jamais admitiria que amo pagode anos 90, que Fundo de Quintal e Raça Negra me fazem sair da cadeira e que estendi esse chamego até os 2000 e bolinha junto com Inimigos da Hp. Jamais a gótica que eu fui admitiria que, sim, ela amava (amo ainda) AC/DC, mas que também se sacudia com Zeca Pagodinho. Adolescente tem dessas.
E eles continuarão tendo, mas a gente – que é adulto e tão ou mais perdido – tem que avisar que tá tudo bem.
Tá tudo bem gostar de Megadeth e Sandy e Júnior. Gosto musical não é pílula do matrix, pode escolher os dois.
Tá tudo bem ser amiga do fulano e do beltrano, essa coisa de que a gente tem que criar inimigos é lendinha.
Tá tudo bem ser cristã, sabe? Não, não é verdade que o ateísmo é a marca da ciência e da inteligência suprema. Idiota é que não sabe dar espaço para a religião do outro. Aliás, tá tudo bem ser cristã e feminista; cristã/cristão e homossexual; cristão e curtir ir para festa. É claro que você pode optar seguir quaisquer dogmas, mas tá tudo bem se você optar só seguir seu coração e seu senso de justiça e bondade.
Tá tudo bem gostar de exatas e de humanas, essa separação só serve mesmo para fazer piada. Levá-la a sério demais põe em risco o que você tem de mais bonito: a chance de aprender um pouco de tudo.
Tá tudo bem se você não sabe do que você gosta, e pode ser em termos de roupa, de sexualidade, de profissão. É absolutamente normal. A diferença é que adulto não tem que prestar contas só para mãe e pai; a gente presta para uma sociedade inteira, e, às vezes, é mais fácil a gente fingir que sabe o que está fazendo só pra ninguém encher muito o nosso saco.
Tá tudo bem se sua mãe e seu pai não forem heroicos e invencíveis. Dói admitir que eles são só humanos e erram, mas com o tempo você vai parar de ver isso como defeito e tristeza, e vai ver como a possibilidade de que a vida é aprendizado mesmo, e tá tudo tá dando certo, então.
Tá tudo bem se você não quer ir na escola hoje, se tem preguiça da vida, se acha que ninguém gosta de você. Tá tudo bem ACHAR isso, mas não pare sua vida, ok? Eventualmente, a sensação passa e você perdeu matéria, diversão e boas amizades dando vazão para um sentimento que nem é tão certo.
Tá tudo bem se você gostar de Romero Britto, Pequeno Príncipe e camiseta amarela. Não me leve tão a sério, é tudo um jeito de te fazer sorrir.
Tá tudo bem se você não tem certeza do curso que presta. Essa dúvida sempre existe. Até as pessoas mais confiantes (eu, tá bem? euzinha) se questionam sobre sua profissão, sobre sua própria capacidade, sobre se de fato tem talento.
Tá tudo bem, aliás, nem ter talento pra nada: a gente não é smurf para nascer com habilidade pronta.
Tá tudo bem se tiver tudo ruim, faz parte da vida e é possível que passe. Só não tá tudo bem se alguém está se machucando com a sua conduta, especialmente se esse alguém for você mesmo. Não se maltrate demais, não se cobre mais do que a vida já cobra. Eu tô aqui, vem cá. Dá um abracinho.
miró

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Lixo: transformando chorume em água potável

Uma tecnologia criada no Espírito Santo vem ajudando um aterro sanitário a transformar chorume - líquido que resulta da decomposição de lixo - em água limpa, no município de Cariacica, na Grande Vitória. De acordo com os responsáveis pelo projeto, o processo de purificação do líquido é rápido se comparado a outros, durando cerca de 30 minutos. Com a utilização de  métodos diferentes, esse tempo pode ser ampliado consideravelmente, chegando a uma semana. A água limpa que é resultado do processo não serve para consumo humano, mas pode ser usada para lavara estradas ou regar jardins, por exemplo.
De acordo com o empresário Poy Ramos, o tratamento deste produto é importante para garantir a preservação do meio ambiente, que pode ser prejudicado caso o chorume seja derramado. "Pode contaminar o lençol freático, de onde vem praticamente toda a água utilizada para consumo humano, bem como contaminar os rios, provocando a mortandade dos peixes e de outros seres vivos que ali vivem", explicou.
O processo começa com a chegada do lixo ao aterro, que recebe mensalmente uma média de 12 mil toneladas de resíduos por dia provenientes de Vitória, Cariacica, Viana, Serra e outros municípios do estado. A princípio, a carga é pesada e lavada para uma outra área. "A partir de três ou quatro horas depois do recebimento, dependendo se é dia de sol ou de chuva, o resíduo já pode liberar chorume", disse o engenheiro químico, Magmir Soares. Por dia, esse total de materiais descartados geram cerca de 135 mil litros de chorume.
Para poder recolher o produto, é preciso de um sistema de engenharia. Em um primeiro momento, é realizada uma escavação seguida pela compactação da terra. Depois, uma manta hipermeável é colocada no local e, sobre ela, o lixo é despejado. Com a utilização de uma tubulação, o chorume é drenado e conduzido até tanques.

Lá, ele recebe três produtos químicos e é levado para outro tanque, onde passa por um processo eletromagnético. "Placas de ferro são mergulhadas, por onde é transmitida uma corrente elétrica que provoca a dissociação das moléculas, fazendo com que todos os contaminadores do chorume possam ser retirados. Depois que a corrente elétrica atravessa o chorume, 5% dele viram lodo e os 95% são água que pode ser reutilizada", esclareceu o empresário Poy.
Por dia, aterro sanitário gera cerca de 135 mil litros de chorume (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
A água que fica ainda passa por três filtros até ficar limpa. Depois de tratada, o líquido fica livre de contaminação e pode ser utilizada para diversos fins, como molhar estradas de chão, regar jardins e regar maquinários. "Pode ser usada para contato primário com o ser humano. Só não está boa para beber ou tomar banho, por exemplo", concluiu Poy Ramos.
* Com colaboração de César Fernandes, da TV Gazeta
fonte: http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/10/tecnologia-criada-no-es-transforma-chorume-em-agua-limpa.html