domingo, 29 de setembro de 2013

LISTA REVISÃO ENEM PARTE 1

Começa a fase de revisão voltada para as provas, trabalhando questões dos anos anteriores.

Dividi em duas partes, nessa primeira parte ficaram as questões sobre quadro natural, questão ambiental e geopolítica.

Na segunda parte terá as questões relacionadas a parte econômica, urbanização e população.

Lista e gabarito no mesmo arquivo.

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domingo, 22 de setembro de 2013

domingo, 15 de setembro de 2013

Conflitos na Síria e intervenção dos EUA

Em guerra desde que os ventos da Primavera Árabe sopraram em seu território, a Síria corre o risco de se transformar em um novo Iraque, com a possível ação armada dos EUA.


Cenas da destruição causada pela guerra, em Serekaniye, na Síria.*
A notícia de que foram utilizadas armas químicas por parte do exército da Síria, em 21 de agosto de 2013, em Gouta, no subúrbio da capital Damasco, foi transmitida por diversos veículos de comunicação do mundo ocidental, aumentando o alerta sobre os conflitos armados que ocorrem no país. A preocupação aumentou após o atual presidente dos EUA, Barack Obama, anunciar a intenção de bombardear o país árabe, com o objetivo de derrubar o presidente sírio Bashar Al-Assad, apontado como responsável pelo uso das bombas com gás sarín.
Para o vestibulando, o interesse em conhecer mais sobre o conflito está relacionado a duas possibilidades: as ações de intervenção armada dos EUA no Oriente Médio e os conflitos políticos e militares decorrentes do que ficou conhecido como Primavera Árabe.
Começaremos pela segunda possibilidade. A Primavera Árabe foi o nome dado a uma onda de revoltas que ocorreu no Norte da África e Oriente Médio a partir de dezembro de 2010. Apesar de ter iniciado no inverno do Hemisfério Norte, a menção à primavera é feita em alusão à Primavera de Praga, ocorrida em 1968. O evento que iniciou as revoltas que sacudiram – e ainda sacodem – os países das duas regiões foi a imolação de um jovem tunisiano contra o governo de seu país. A partir daí, uma série de revoltas tomou conta dos países, resultando na queda de vários governos, como na própria Tunísia. Mas os casos mais emblemáticos ocorreram no Egito, com o fim do governo de Hosni Mubarak, e na Líbia, com a queda e a morte de Muammar Gadaffi.
A Síria não ficou de fora dessa onda de protestos. Em março de 2011, a população síria saiu às ruas das cidades do país, pedindo o fim do regime político comandado por Bashar Al-Assad. A não aceitação das reivindicações e a repressão efetuada pelas forças militares de Al-Assad aumentaram as tensões políticas, levando a oposição a empreender uma luta armada contra o governo.
Bashar Al-Assad chegou ao poder em 2000, após a morte de seu pai, Hafez al-Assad, que havia iniciado seu comando no país durante a década de 1970. Os dois representam os alauítas na Síria, uma minoria que professa o islamismo e compõe cerca de 10% da população. A organização política que sustenta o poder dos Al-Assad é o partido Baath, a renascença, que tem como parte de sua doutrina o nacionalismo árabe e o anti-imperialismo. Essa postura levou o país a se opor às políticas dos EUA no Oriente Médio, como também às ações do Estado de Israel, país que havia tomado do estado sírio as colinas de Golã, em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias.
O governante sírio Bashar Al-Assad
O governante sírio Bashar Al-Assad.**
Bashar Al-Assad pretendeu em seu governo iniciar medidas de abertura política, como a libertação de presos políticos, mas que se mostraram muito limitadas. Com a manutenção de limitações à participação política da população, os eventos da Primavera Árabe insuflaram a oposição ao regime. A luta iniciou-se pelos direitos de autodeterminação do povo sírio. Porém, os desdobramentos dos conflitos militares entre as forças de oposição e as forças militares do governo de Al-Assad passaram a envolver uma série de países, com interesses na Síria e no Oriente Médio.
Os países ocidentais, principalmente os EUA, França e Reino Unido, declararam apoio às forças de oposição, denominadas pela imprensa de forças rebeldes. Elas estão organizadas principalmente naCoalizão Nacional Síria da Oposição e das Forças Revolucionárias (CNSOFR), formada por diversas organizações. O governo dos EUA inclusive chegou a reconhecer, em dezembro de 2012, a CNSOFR como representante legítima da Síria, pretendendo deslegitimar o governo de Al-Assad, e criou ainda o Grupo de Apoio Sírio (Syrian Support Group, SSG, em inglês), uma entidade destinada a angariar recursos financeiros e apoio não letal para apoiar o Exército Livre Sírio (ELS), a principal organização da CNSOFR.
O ELS foi formado principalmente por desertores das Forças Armadas Sírias, que passaram para a oposição ao regime. Porém, especialistas apontam um grande número de mercenários que combatem no ELS, contratados principalmente pela empresa de segurança estadunidense Acadmi (antiga Blackwater), que conta com antigos combatentes das guerras nos Balcãs, Afeganistão e Iraque, por exemplo.
Mas há também na Coalização forças ligadas a grupos islâmicos, cujos guerreiros, os mujahidin, estariam combatendo pelo jihad, a guerra santa muçulmana. Os grupos islâmicos estão organizados na Frente Síria de Libertação Islâmica, próximos à Irmandade Muçulmana; a Frente Islâmica Síria, que defende a instalação de um Estado teocrático no país; e a Frente Al-Nusra, ligada à Al-Qaeda e cujo objetivo é formar um novo califado islâmico no Oriente Médio.
Existem ainda grupos curdos que atuam no norte do país e buscam a soberania em relação à Síria.
O impasse dos EUA em dar apoio armado mais consistente aos chamados rebeldes ocorre justamente pelo receio de armas caírem nas mãos das forças islâmicas contrárias aos estadunidenses. Tal situação poderia levar a uma continuidade da guerra mesmo após a queda de Al-Assad. Por outro lado, Al-Assad afirma que o apoio dos EUA à oposição é uma forma de fortalecer a própria Al-Qaeda.
Mapa político da Síria, indicando seus vizinhos
Mapa político da Síria, indicando seus vizinhos
A similitude com os demais países que tiveram manifestações da Primavera Árabe manifesta-se na Síria com a interferência de outros países na resolução dos conflitos. Foi o apoio das forças ocidentais que levaram à queda de Gadaffi, por exemplo. Além dos EUA, apoiam os opositores sírios de Al-Assad a Turquia, Reino Unido, França, Arábia Saudita, Qatar e Israel. O apoio desses países acontece de várias formas, principalmente através do envio de armas e na facilidade de transporte delas através das fronteiras.
Apesar do isolamento do governo sírio, fortalecido após o apoio dado ao grupo islâmico libanês Hezbollah, em 2008, Al-Assad tem sido defendido pela Rússia, China, além do Irã, Líbano e Iraque.
A referência ao último país serve de gancho para falarmos sobre a segunda possibilidade de como o caso sírio pode ser retratado no vestibular. Pelo que foi exposto acima, a situação de intervenção dos EUA e países europeus no conflito traz à lembrança as invasões organizadas após o 11 de setembro de 2001, no Afeganistão e no Iraque. O fracasso na tentativa de troca de governos nesses países é latente, sendo que no Afeganistão o conflito ainda se desenrola, mais de dez anos após seu início, e com sérios reveses para os EUA.
EUA e Reino Unido pretendem não cometer o mesmo erro ocorrido com o Iraque, quando invadiram o país sem aval da ONU e utilizaram a argumentação de que Saddam Hussein detinha armas de destruição em massa, o que se mostrou como uma informação falsa pouco tempo depois. A tentativa de comprovação de uso de armas químicas, com gás sarín, por parte do exército de Al-Assad, em 21 de agosto de 2013, é um exemplo de como o governo de Barack Obama tenta justificar um ataque aéreo à Síria. Sem a comprovação, não há como acusar o governante sírio de crime contra a humanidade, única forma de obter o aval da maioria dos países da ONU para o ataque à Síria.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Estudo da USP cria mapa mundial da poluição do ar

Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) criaram um mapa da poluição atmosférica no mundo e descobriram que os países com piores índices são os com menor produção científica sobre o tema. Segundo os autores do estudo publicado na revista Nature Reviews Cancer, as nações em desenvolvimento contribuíram com apenas 5% das pesquisas já feitas sobre o tema.
Enquanto países desenvolvidos como Estados Unidos, Canadá e a maioria dos europeus apresentaram os índices mais baixos de poluição, entre 5 e 20 microgramas de material particulado inalável por metro cúbico de ar (μg/m3), as nações em desenvolvimento, que estão concentradas na América do Sul, no Norte da África e nas regiões próximas à Índia e à China, ficaram nas faixas mais altas, entre 71 μg/m3 e 142 μg/m3. A recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o poluente são valores abaixo de 20 μ/m3.
Para Lais Fajersztajn, principal autora da pesquisa, os resultados indicam que a ciência é uma ferramenta importante para mudar esse cenário e precisa ser fortalecida nos países em desenvolvimento por colaborações internacionais.
"Vale dizer que os dados ainda são subestimados, pois consideram regiões muito grandes e diversas. O Brasil, por exemplo, está na mesma faixa dos Estados Unidos, que é a mais baixa. Mas é uma média de todo o país, que tem lugares muito poluídos e outros pouco poluídos", afirmou Lais.
De acordo com Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP e orientador de Lais no estudo, o mapa da poluição mostra que as regiões com pior qualidade do ar são também as mais densamente povoadas.
Para fazer a comparação, o grupo cruzou os dados sobre densidade populacional e poluição atmosférica, disponíveis no site do Banco Mundial, com a base de dadosWeb of Science, índice de citações online mantido pela Thomson Reuters.

MAPA COMPARA ESTUDOS

  • Fajersztajn, L., et al/Nature Reviews Cancer
    Mapas indicam a distribuição de material particulado (a), de artigos publicados sobre poluição atmosférica (b), artigos publicados sobre qualidade da água (c) e artigos publicados sobre malária (d), com base nos dados da Web of Science, entre março de 1983 e março de 2013. Segundo pesquisa da USP, 20% das pesquisas sobre qualidade da água e 70% dos estudos sobre malária foram feitos em países em desenvolvimento, mas as pesquisas sobre o impacto do ar poluído na saúde são quase inexistentes na África, na Índia e nos demais países da América do Sul
O levantamento mostrou que as pesquisas sobre o impacto do ar poluído na saúde estão concentradas na América do Norte e na Europa, seguidas por China, Austrália, Brasil e Japão, e é quase inexistente na África, na Índia e nos demais países da América do Sul.
"Alguém pode argumentar que alguns desses países são tão pobres e têm tantos problemas que não teriam condições de produzir conhecimento científico sobre qualquer assunto. Então, para comparar, buscamos também as pesquisas publicadas sobre malária e sobre qualidade da água", explica.
Segundo Lais, os resultados mostraram que 20% das pesquisas sobre qualidade da água e 70% dos estudos sobre malária foram feitos nos países em desenvolvimento.
Os pesquisadores ressaltam ainda que o número de mortes prematuras causadas pela poluição do ar tende a superar o de mortes por malária e por falta de saneamento básico nos próximos anos. Segundo estimativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, a exposição a poluentes vai se tornar a principal causa ambiental de morte prematura até 2050.
Há evidências científicas que relacionam exposição à poluição a elevação no risco de doenças cardiovasculares, problemas respiratórios e vários tipos de câncer. No artigo científico, o grupo da USP reuniu os principais estudos que mostram como poluentes aumentam o risco de câncer de pulmão.Câncer de pulmão
O trabalho mais recente, publicado este ano no The Lancet Oncology, traz dados de mais de 300 mil indivíduos em nove países. Os resultados indicam que, no grupo exposto à poluição, o risco de câncer se eleva em 50% a cada 10µg/m3 inalado.
Embora o risco causado pela poluição não seja tão alto quando comparado ao tabaco, que chega a elevar em 30 vezes o risco da doença, ainda é um problema de saúde pública importante, pois toda a população está exposta.
O gráfico também indica que os benefícios da urbanização estão distribuídos de forma altamente desigual no mundo. Esse fenômeno, que Saldiva chama de 'racismo ambiental', tem grandes impactos sobre a saúde da população de países em desenvolvimento.
"Medidas de política pública são a única forma de proteger a população. É a vacina moderna. Não tem nada que os indivíduos possam fazer de forma isolada", diz Saldiva.