terça-feira, 3 de maio de 2011

GOLFO DO MÉXICO - UM ANO DEPOIS DO DESASTRE


No aniversário de um ano do acidente que causou o pior vazamento de petróleo da história dos EUA, estudos feitos pelo governo norte-americano e por cientistas independentes chegaram a duas conclusões: a natureza se recuperou mais rápido do que o esperado e, apesar disso, a extensão real dos danos ao meio ambiente levará anos para ser conhecida.

Na noite de 20 de abril de 2010, uma explosão na plataforma D
eepwater Horizon, arrendada pela empresa British Petroleum (BP), m
atou 11 funcionários. Dois dias depois, a plataforma afundou a aproxi
madamente 80 quilômetros da costa da Louisiana, sul dos Estados U
nidos.
O petróleo começou a vazar da tubulação rompida a 1,5 quilômetros da superfície do mar, formando uma enorme mancha próximo ao litoral. Durante 86 dias vazaram 4,9 milhões de barris de petróleo cru, além de gás natural e dispersantes químicos no norte do Golfo do México.

A quantidade é maior que o vazamento do navio petroleiro Exxon Valdez, ocorrido no Alasca em 24 de março de 1989, até então considerado o mais grave. Na ocasião, foram espalhados entre 250 e 750 mil barris de petróleo cru no mar, provocando a morte de milhares de animais.
O desastre no Golfo também afetou a economia local, prejudicando a indústria pesqueira, o comércio e o turismo na região. Estima-se que três mil pessoas perderam o emprego, num cenário já abalado pela crise financeira de 2008.

Sucessivas falhas nas tentativas de conter o vazamento desgastaram o presidente Barack Obama, que iniciava seu segundo ano de mandato. O vazamento só foi contido pela BP em 15 de julho, três meses depois do acidente.

A imagem do pelicano-marrom, ave símbolo do Estado de Louisiana, coberto de óleo, foi uma das mais representativas da catástrofe ambiental. Milhares de animais, aves, peixes, crustáceos, corais e outras espécies da fauna marinha morreram nos meses seguintes à tragédia.

Limpeza

Passado um ano, amostras de água colhidas pelo governo e por cientistas indicam que a maior parte da mancha negra na superfície foi removida por equipes de limpeza, espalhada pelas marés ou consumida por bactérias marinhas. A limpeza da costa litorânea, dizem especialistas, aconteceu de um modo muito mais rápido do que o previsto, contrariando prognósticos mais pessimistas.

Apesar disso, estima-se que entre 11% e 30% do produto ainda esteja presente no ecossistema, parte dele no fundo do mar e nos pântanos, onde é difícil de ser visualizado.

Também se desconhece o impacto total da contaminação da vida marinha, especialmente de micro-organismos que estão na base da cadeia alimentar de outras espécies. A contaminação se deve não somente pelos produtos químicos que vazaram da plataforma, como também pelo dispersante Corexit 950, usado pela empresa para diluir a mancha de petróleo na superfície do oceano.

Pescadores da região são céticos quanto aos relatórios oficiais. Eles temem que as consequências do vazamento sobre larvas de camarões e de crustáceos só irão aparecer nas próximas estações de pesca. O que é certo, entretanto, é que os cientistas terão anos de estudos pela frente.

Na época do acidente, a pesca comercial e recreativa foi proibida. O motivo era proteger a população do consumo de moluscos contaminados com componentes cancerígenos do petróleo. A pesca em alto mar começou a ser liberada em agosto do ano passado, um mês depois da contenção do vazamento. A Louisiana é o maior Estado produtor de camarões nos Estados Unidos.

Indústria

Em janeiro deste ano, um relatório da comissão presidencial que investigou o vazamento recomendou ao Congresso americano que aprove novas regulamentações para o setor de exploração de petróleo em águas profundas.

De acordo com o relatório, a explosão na plataforma ocorreu, em parte, por causa de falhas na regulamentação da indústria petrolífera. O documento dizia ainda que, a menos que sejam feitas mudanças, outro acidente ocorreria.

As companhias contra-argumentaram que a adoção de novas medidas de segurança, além de desnecessária, aumentaria o custo da produção do minério.

A BP, empresa que administrava a plataforma onde houve a explosão, criou um fundo de US$ 20 bilhões (R$ 31,8 bilhões) para pagar indenizações a milhares de famílias e empresários prejudicados pelo acidente que recorreram à Justiça.

Foram feitas mais de 500 mil reclamações de diversos Estados, sendo que 200 mil pessoas já foram ressarcidas em sete meses, 135 mil aguardam liberação do dinheiro e o restante foi negado por falta de provas. As indenizações pagas deixaram alguns empresários e comerciantes milionários, enquanto alguns pescadores ainda enfrentam dificuldades para sobreviver.

No dia 20 de março deste ano, o governo dos Estados Unidos autorizou a primeira perfuração de um novo poço de petróleo no Golfo do México. A exploração havia sido suspensa desde o acidente e o fim da moratória só foi decretado em outubro de 2010 por pressão da indústria e das cidades afetadas, que precisavam se recuperar do prejuízo econômico.

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