Texto de hoje no Estadão (tem o link lá embaixo)
SER PROFESSOR É UM LANCE DE AMOR
Eu sempre quis ser professora.
Tornei-me advogada pelos acasos da
vida. Blogueira então, nem se fale. Mas professora foi por sonho, por meta e,
ouso dizer, alguma vocação.
Nesse caminho que venho trilhando
constatei que existe uma profunda diferença entre dar aula e ser professor.
Dar aula é muito bom. É querer
compartilhar conhecimento, propagar a informação. Dar aula exige esforço,
dedicação, preparo.
Mas existe uma imensa distância
entre “dar aula” e ser professor. Porque dar aula é uma atividade, mas ser
professor é muito mais do que isso.
Ser professor é, muito antes de
ser uma profissão, uma das formas mais genuínas do amor.
Como já dizia o grande mestre
Paulo Freire, “eu nunca poderia pensar em educação sem amor. É por isso que me
considero um educador: acima de tudo porque sinto amor.”
Porque professor vai além. Além
das tarefas estabelecidas em contrato, além das horas pagas no holerite, além
da ideia de que aquilo é apenas um meio para se ganhar a vida.
Professor quer saber o nome, quer
saber quem é quem, quer saber as histórias, os origens, os rumos pretendidos.
Professor está na chuva para se
molhar, para se arriscar diariamente. Para sofrer com as derrotas e vibrar com
as vitórias dos alunos. Para corrigir provas como quem assiste a um jogo de
futebol, se lamentando quando um craque chuta a bola no travessão.
Desacreditando quando um perna de pau acerta a bola no ângulo.
Professor se envolve, mesmo quando
tenta evitar.
Professor se perde no cronograma. Não está lá só para cumprir horário e currículo. Está lá para parar a cada dúvida, para ensinar não só a matéria, mas ensinar o melhor do pouco- ou muito- que sabe sobre a vida.
Professor acaba por viver muitas vidas além da sua. Vivencia o crescimento, os obstáculos, as crises, os começos de namoro, as brigas entre amigos, problemas de casa, a conjuntivite alheia, as angústias, os caminhos.
Professor não tem medo de se expor, de se mostrar humano e vulnerável. Não tem medo de roupa preta suja de giz, de pilhas de livros para carregar, da odisseia do fechamento dos diários no fim do ano, nem das provas que parecem dar cria na calada da noite.
Mas tem medo de errar. Ah, se tem. Mas continua, assim mesmo. Continua porque existe algo bem maior por trás desse medo. Algo que nos torna um tanto quanto imune às adversidades, salários brincalhões, poucas horas de sono, pendências infindáveis, conversas paralelas e ao eterno risco que é tentar ensinar.
Professor se perde no cronograma. Não está lá só para cumprir horário e currículo. Está lá para parar a cada dúvida, para ensinar não só a matéria, mas ensinar o melhor do pouco- ou muito- que sabe sobre a vida.
Professor acaba por viver muitas vidas além da sua. Vivencia o crescimento, os obstáculos, as crises, os começos de namoro, as brigas entre amigos, problemas de casa, a conjuntivite alheia, as angústias, os caminhos.
Professor não tem medo de se expor, de se mostrar humano e vulnerável. Não tem medo de roupa preta suja de giz, de pilhas de livros para carregar, da odisseia do fechamento dos diários no fim do ano, nem das provas que parecem dar cria na calada da noite.
Mas tem medo de errar. Ah, se tem. Mas continua, assim mesmo. Continua porque existe algo bem maior por trás desse medo. Algo que nos torna um tanto quanto imune às adversidades, salários brincalhões, poucas horas de sono, pendências infindáveis, conversas paralelas e ao eterno risco que é tentar ensinar.
Só o que sei é que, no fim das
contas, ser professor é um lance de amor. Às vezes é sofrido. Às vezes é
maçante. Como todo amor. Mas é uma dessas paixões avassaladoras que vicia, e
que quem sente, já não consegue ver sentido em viver sem.
Que esse 15 de outubro, mais do
que uma data para receber homenagens gostosas ou presentes queridos, seja um
dia para lembrarmos o porquê de termos escolhido essa carreira (na verdade, não
sei se escolhemos ser professores ou se a vida e a alma já escolhem por nós).
Mas que hoje seja o dia para lembrarmos
da sorte que é vivenciar uma verdadeira vocação, poder acreditar no que se faz
a cada dia e, acima de tudo, lembrar daquele meio sorriso iluminado que surge
no rosto dos alunos quando se dão conta de que aprenderam algo. Não há melhor
explicação: é um lance de amor mesmo.
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