quarta-feira, 12 de maio de 2010

SELEÇÃO DO DUNGA E A DEMOGRAFIA BRASILEIRA

Essa reportagem do UOL faz comparações entre a seleção de Dunga e a Demografia Brasileira. Nossa seleção tem um perfil quase "europeu".

A seleção brasileira que vai buscar o sexto título mundial na África do Sul não reflete o perfil da população nacional. Com altura média de 1,82m e nascidos, em sua maioria, nas regiões Sul e Sudeste, os convocados de Dunga formam uma lista com características “europeias”.

Dos 23 jogadores chamados na última terça, o mais alto é Doni, goleiro da Roma, com 1,94m, seguido de perto por Luisão (1,93m) e Gomes (1,91m). O mais baixo e único que não ultrapassa a marca de 1,70m é Josué, com 1,69m.

Coincidentemente, a altura do volante do Wolfsburg é idêntica à média do brasileiro comum, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A origem dos jogadores de Dunga também contraria o perfil da população. Segundo o mesmo instituto, 56% da população está concentrada nos estados das regiões Sul e Sudeste. Na seleção, nada menos que 82% dos convocados nasceram nestes locais. Somente quatro atletas vieram de Centro-Oeste e Nordeste, sendo que o Norte não possui nenhum representante, só o paraense Ganso na lista de sete reservas.

Seis dos sete estados das regiões Sul e Sudeste estão listados entre os oito mais bem colocados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O levantamento, feito anualmente, compara dados de riqueza, educação e esperança média de vida. As exceções ao domínio de Sul e Sudeste são Distrito Federal e Mato Grosso do Sul.

Dunga ainda privilegiou os atletas que atuam no exterior. Ao todo, 20 dos 23 nomes escolhidos pelo treinador jogam na Europa. Gilberto, do Cruzeiro, Kleberson, do Flamengo, e Robinho, do Santos, contrariam essa tendência.

A lista de 2010 também valoriza a experiência: o Brasil que vai à África do Sul tem, em média, 28,6 anos de idade. O peso médio é 76,8kg. O jogador mais velho é o lateral Gilberto, que esteve em 2006 e hoje tem 34 anos. O mais novo, por sua vez, é o meio-campista Ramires, com 23 e presente nos Jogos Olímpicos de 2008.

O perfil adotado por Dunga não é uma novidade para o Brasil. Os números do grupo atual são quase idênticos aos de 2006, quando o time era comandado por Carlos Alberto Parreira.

A seleção que foi à Alemanha tinha, em média, 1,81m, com 28,4 anos de idade. Aquele grupo ainda apresentava um perfil de naturalidade idêntico, com 19 jogadores das regiões Sul e Sudeste e apenas quatro do restante do país.

Os dois times ainda se assemelham quanto aos clubes de origem dos jogadores. Assim como Dunga, Parreira privilegiou os “estrangeiros”. No grupo de 2006, 20 atletas estavam jogando na Europa, índice idêntico ao atual.

Em 2002, quando a Copa foi disputada na Coreia do Sul e no Japão, o Brasil era diferente. Apesar da altura próxima à dos Mundiais seguintes (média de 1,80m), o time de Felipão era mais jovem (26,21 anos de idade) e com origem diversificada.

Com Vampeta e Rivaldo, entre outros, o grupo tinha somente 16 jogadores nascidos no centro mais desenvolvido. Os outros seis atletas vinham de Bahia, Pernambuco ou Brasília. Além disso, os clubes brasileiros eram maioria no elenco. Somente dez dos 23 convocados à época estavam fora do país, contra 13 “brasileiros”.


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